Mensagem de Páscoa da Diretora Geral às famílias
Salvador, 09 de abril de 2020
Queridas famílias,
Tivemos oportunidade de nos encontrar presencialmente durante as reuniões de pais na abertura do ano, onde refletimos sobre as expectativas para 2020, que estava apenas começando. Naquele momento, não fazíamos ideia da reviravolta que o ano nos traria.
Imagino que este momento não esteja sendo fácil para vocês: conciliar o trabalho em home office com as demandas de estudo dos filhos e, principalmente, configurar um outro estilo de vida, pautado por limites e restrições. Momento muito exigente, porque não fizemos essa opção. A situação em que estamos vivendo impôs a todos nós um novo estilo de vida. Como compreendemos tudo isto? Como estamos sentindo e saboreando essa experiência? Desacelerar o ritmo da vida, pausar os projetos em curso, viver na dependência uns dos outros, conviver intensamente.
Alguns pais com os quais tenho conversado se referem ao estresse vivido agora, à necessidade de lidar com tantas situações novas que não estavam planejadas, a encarar as frustrações de projetos profissionais em compasso de espera. São as situações existenciais que nos abraçam e amedrontam. Todos estamos sendo afetados por esse momento, mas a diferença está em encontrar maneiras de lidar com tudo isso. Onde buscamos luz, sabedoria, discernimento para enfrentar essa realidade? Como a família pode encontrar a Deus em todos esses acontecimentos?
Estamos nos aproximando da grande festa da Páscoa e a liturgia da Igreja Católica, esta semana, nos oferece textos que nos ajudam a dialogar com o nosso contexto, a encontrar a luz necessária para viver este momento. “O Senhor é minha luz e salvação, de quem terei medo”(Sl.26)? Canta o salmista! Como permitir que a luz do Senhor nos ilumine? Como viver em tempo de tamanha insegurança, sem perder a paz? Como não nos deixarmos engolir pelo medo?
Todos estamos sendo convidados a nos reinventar, a buscar novos formatos de convivência familiar, a recuperar sentidos para a nossa existência. Sentimos o desafio de descobrir e transmitir a “mística de viver juntos, misturar-nos, encontrar-nos, dar o braço, apoiar-nos, participar, nesta maré caótica, que pode transformar-se numa verdadeira experiência de fraternidade, numa caravana solidária, numa peregrinação sagrada”(EG.87).A Igreja Católica nos oferece caminhos:
1º – Buscar a fé: “dá-me, Senhor, uma fé viva”
O Papa Francisco nos aponta a necessidade de conservar a fé e irradiá-la. Ele nos fala sobre isso ao citar o Papa Bento XVI que diz: “é precisamente a partir da experiência deste deserto, deste vazio, que podemos redescobrir a alegria de crer, a sua importância vital para nós, homens e mulheres. E, no deserto, existe, sobretudo, a necessidade de pessoas de fé que, com suas próprias vidas, indiquem o caminho, mantendo assim viva a esperança. Em todo caso, somos chamados a “ser pessoas-cântaro para dar de beber aos outros”(EG 86). Como está a experiência da fé em sua família? Como a vivência da fé anima a comunidade familiar a ter esperança? Vocês estão conseguindo ser pessoas-cântaro? Não deixemos que este tempo nos roube a esperança!
2º – Buscar o amor e o serviço
A família é chamada a um amor que serve e promove a vida e que encontra em Deus, fonte de Amor, alimento, nutrição para cada dia. Jesus recomenda o serviço como meio para ser feliz. Servir nas pequenas e grandes coisas do cotidiano, às vezes naquilo que me é mais difícil, ou que não tenho gosto, nem desejo, nem habilidade para fazer. Quando acaba de lavar os pés dos discípulos, Jesus diz: “Se, portanto, eu, vosso Mestre e Senhor, vos lavei os pés, também deveis lavar-vos os pés uns aos outros”(Jo.13,14). Dizia o padre Anthony de Melo que “você santifica tudo aquilo pelo qual você dá graças”.
3º – Buscar a paz: Eu vos dou a minha paz!
O segredo da paz é permanecer em Deus. “Permanecei no meu amor(Jo.15,9)!” Permanecer em Deus nos ajudará a criar um clima de paz, equilíbrio, alegria em nossas famílias. Paz para conviver, florescer, não se deixar abater pela provisoriedade do tempo, da insegurança, do confinamento. Paz, para perdoar pequenas e grandes coisas, pois quem muito ama, muito perdoa. Esse é um tempo favorável para cuidarmos uns dos outros: cuidar das feridas, construir pontes, estreitar laços e de nos ajudarmos a “carregar as cargas uns dos outros”(Gl 6,20).
O Senhor convida a cada família, nessa travessia para a Páscoa, a seguir com Ele, na fragilidade da vida, e a encontrar Nele a força, a luz, a coragem, o amor, a paz, a esperança. O Senhor é o meu pastor, nada me falta (Sl 23)!
Caminhemos confiantes, amorosos e esperançosos com o Cristo Ressuscitado!
Com afeto,
Profa. Mariângela Risério
Diretora Geral
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