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Os estudantes que integram a Academia Vieirense de Letras e Artes (Avla) do Colégio Antônio Vieira já começaram a filmar o documentário especial sobre a academia, que completa 110 anos nesta terça-feira (28). Confira mais sobre o documentário, que ainda não tem data para ser lançado, e a história da Avla, um dos núcleos de protagonismo estudantil do Vieira que tem contribuído na formação integral dos estudantes de diversas gerações, dentro do projeto de educação de excelência do colégio. Leia a reportagem publicada na revista VIEIRA+

Por Flávio Oliveira

A Academia Vieirense de Letras e Artes (Avla), que completa 110 anos agora em 2025, vai ter sua história contada em um documentário produzido pelos próprios integrantes, ou seja, alunos do Ensino Médio do Colégio Antônio Vieira. O trabalho de pesquisa e digitalização de imagens e documentos históricos está em pleno andamento, liderado pelo estudante Peter Padre, do Setor de Fotografia da academia. O objetivo, segundo ele, é o de contar histórias da academia que são, ao mesmo tempo, importantes e desconhecidas, mesmo para aqueles que passaram recentemente pela Avla.

A atual presidente da Avla, a estudante Mariana Gitirana, explica que a Academia é formada exclusivamente por alunos do Ensino Médio, em grupos que se renovam anualmente. Para este ano, são 100 inscritos. A academia tem um cronograma fixo de apresentações, que inclui o Sarau do Amor, em junho, e duas peças de teatro. Além disso, os grupos artísticos apresentam-se quando convidados pela Diretoria do Colégio para eventos internos, como a reabertura da Biblioteca Jorge Amado.

Entre os documentos já catalogados para o filme está a ata de fundação da Avla, datada de 1915, como Academia de Artes e Cênicas. “Nossa certidão de nascimento é supersingela. Em uma reunião (de Jesuítas que dirigiam o Antônio Vieira à época) quando foram discutidas várias coisas, também se decidiu sobre a fundação da Academia. Então, ela era um tópico, entre outros, daquela reunião”, diz o professor de Literatura Paulo Reis, articulador da Avla. “A gente ainda tem esperança de encontrar outros documentos. Eles [alunos que integram a academia] estão indo atrás desses acervos, indo atrás dessa documentação, caçando muitas fotos antigas, textos antigos, autores antigos. É um trabalho bem bonito que partiu da iniciativa dos membros da academia, desse protagonismo dos estudantes”, completa.

ROTEIRO HISTÓRICO

A “certidão de nascimento” da academia, como diz o professor, não identifica quem foram os primeiros membros. Mas pela Avla já passaram nomes ilustres, como o educador Anísio Teixeira, um dos mais importantes da história da educação brasileira. Na Bahia, por exemplo, criou a Escola Parque, primeira experiência de ensino público integral do país.

Um dos mistérios que a equipe do documentário tenta desvendar é se o escritor Jorge Amado foi membro da Academia Vieirense. O maior romancista baiano de todos os tempos foi aluno do Vieira, mas até o momento não há indicativo de que ele tenha integrado a Avla.

Peter conta que a pesquisa está bem adiantada, mas ainda não terminou. As filmagens começaram no segundo semestre [atualizaão]. Para isso, reuniu seis colegas dos setores de Letras e Teatro da própria Avla para confeccionar o roteiro e conta com a ajuda da equipe de comunicação do colégio. Sua pesquisa envolveu a análise de caixas de documentos na biblioteca e no memorial, bem como postagens em redes sociais de ex-membros da academia.

ARTE QUE ENSINA

Mesmo com 110 anos de fundação e tendo atraído alunos que ficariam famosos, a academia não funcionou ininterruptamente, ficando fechada por dois períodos. A última refundação foi em 2014, por um grupo de 14 alunos que queriam tocar violão e apresentar textos autorais, como lembra Reis. Atualmente, ela abrange sete setores: Letras, Música, Teatro, Dança, Fotografia, Artes Plásticas e Produção Cultural (que atua nos bastidores, viabilizando as apresentações).

Um dos projetos previstos para este ano é uma peça de teatro encenada por ex-alunos que fizeram parte da Avla. Essa reaproximação com os ex-alunos também começou em 2014. Desde então, eles têm dado oficinas e palestras para os novos integrantes. “Acabamos percebendo que mesmo aqueles ex-alunos que não seguiram pelo caminho das artes, que são advogados ou administradores, sentem falta e querem voltar a experimentar o palco”, conta Paulo.

A rotina de quem participa da Avla é puxada, incluindo reuniões quase diárias e muitos ensaios. No entanto, segundo observações do professor articula dor e da presidente, os alunos que participam dessas atividades apresentam, em sua grande maioria, um desempenho escolar superior à média daqueles que não participam, destacando-se, inclusive, nas notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e na aprovação de vestibulares.

“A Avla funciona como uma válvula de escape, que dá para o aluno do Ensino Médio um fôlego maior para o estudo. Ao contrário do que se possa pensar, ela ajuda o aluno a encontrar motivação para estu dar, inclusive para pensar ‘fora da caixinha’. Então, ele volta para o estudo muito mais empenhado e enga jado”, diz Mariana Gitirana.

NÚCLEOS DE PROTAGONISMO ESTUDANTIL

Como ocorre com a Avla, o Vieira incentiva o protagonismo dos jovens alunos na participação de outros núcleos estudantis, como o Núcleo Acadêmico de Economia e Finanças (Nafe), criado neste ano de 2025. Agora, o Nafe junta-se à Avla, assim como a outros que também despontam talentos em suas áreas: Núcleo Ambiental do Vieira (NAV), Núcleo Acadêmico de Incentivo ao Conhecimento (Naic) e o Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Minorias Sociais (Neims), além do Voluntariado.

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Fotos: Memorial e Secom/CAV