ARTIGO – Uma análise do humano moderno segundo Platão, por Adriano Ribeiro
Estudante do Vieira faz reflexões sobre a contemporaneidade a partir da obra de um dos maiores pensadores da história da Filosofia

A partir dos estudos sobre a descrição da alma humana feita pelo filósofo Platão, considerado um dos mais importantes pensadores do período antropológico da filosofia grega, o estudante Adriano Ribeiro traz, neste artigo, uma reflexão sobre os conflitos enfrentados pela humanidade na modernidade, promovendo um alerta à sociedade contemporânea quanto às relações interpessoais em tempos de avançadas tecnologias da comunicação.
O texto é um dos destaques da mais recente edição da Revista de Incentivo ao Conhecimento (RIC), uma publicação do Núcleo Acadêmico de Incentivo ao Conhecimento (Naic), um dos núcleos de protagonismo estudantil do Colégio Antônio Vieira, em Salvador, onde Adriano é aluno da 3ª série do Ensino Médio. No colégio, Adriano também integra o Núcleo Ambiental do Vieira (NAV) e já participou de projetos como a ONU Colegial, que promove simulações de conferências das Nações Unidas. Confira o artigo!
Uma análise do humano moderno segundo Platão

Por Adriano Ribeiro
A descrição do ser humano no livro Amor Líquido, de Zygmunt Bauman, reflete sobre os relacionamentos amorosos no período contemporâneo, destacando a necessidade de desapego oriunda do consumismo, cujas raízes datam da Revolução Industrial. Esse fenômeno gerou a necessidade de tornar cada vez mais substituíveis os objetos de consumo. Segundo o autor, o ato de se ligar a uma outra pessoa sem um compromisso a longo prazo, é equivalente a tratar as relações e as pessoas como se fossem ações ou investimentos. Esse tipo de tratamento gera uma sensação de desconexão, pois a ânsia de buscar por novos relacionamentos torna a relação atual um empecilho a ser superado para que uma nova possa ser estabelecida. Desse modo, os indivíduos acabam se tornando dessensibilizados e estimulados a procurar cada vez mais relações rápidas e menos estáveis, buscando, em vão, a satisfação de conseguir um relacionamento melhor que o anterior.
Em sua obra A República, Platão descreve, no livro IX, a alma humana como uma quimera, dividindo-a em três partes: a primeira, ele associa ao conhecimento e aprendizado; a segunda está ligada ao ego e à raiva; e, a terceira, ligada aos prazeres mundanos e ao dinheiro empregado para conquistá-los. Em seguida, o autor associa cada uma dessas partes a uma figura: ao sábio, atribui a maior felicidade por estar buscando prazer no conhecimento da verdade; quanto ao ambicioso, ele reflete que seria menos feliz, pois precisaria buscar no conhecimento um aliado para promover seu poder e angariar honrarias e, por fim, Platão descreve, como mais infeliz, o interesseiro, que mesmo que busque conhecimento ou poder, ele ainda os utilizará para satisfazer seus desejos, fato que o torna escravo deles e, segundo o autor, incapaz de controlar a si mesmo, associando esse comportamento a figura do tirano.
CICLO VICIOSO
A partir dessas duas obras, é possível observar que o humano moderno apresenta grande semelhança com a figura do tirano de Platão, pois ambos estão presos a servir seus próprios desejos, sem a capacidade de os controlar. Essa incapacidade de gerir seus desejos e emoções resulta em uma vida sem propósito ou satisfação, prendendo o indivíduo em um ciclo vicioso de ter um novo desejo, satisfazê-lo imediatamente, repetir. Desse modo, a pessoa adoece mentalmente, sendo incapaz de se sentir feliz consigo mesma por ser uma escrava da sua vontade.

Por fim, o humano moderno representa um alerta para a sociedade contemporânea, pois suas tendências consumistas e seu individualismo o deixam mais propenso a se sentir cada vez mais isolado em um mundo em que as tecnologias de comunicação já exercem grande impacto nas relações interpessoais. Sendo assim, cabe aos indivíduos refletir sobre seu comportamento social e buscar maneiras de se reconectar com aqueles ao seu redor.
Imagens: Secom/CAV e Arte EM
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