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Por Letícia Castro, estudante do Colégio Antônio Vieira*

Hiperconectividade é um termo usado para se referir a um fenômeno muito comum na sociedade atual, em que pessoas de todas as idades passam a maior parte do tempo conectadas a aparelhos tecnológicos. Isso implica diversos problemas para o indivíduo, como o fenômeno da procrastinação, causado pelo sistema de rolagem infinita, gerenciado pelos algoritmos adotados pelas principais redes sociais, como TikTok e Instagram.

O sistema de rolagem infinita, no qual o usuário consome um conteúdo, e é imediatamente redirecionado para outro, com base em seus interesses, faz com que os indivíduos não percebam o passar do tempo e tenham a sensação de que sempre precisam ver mais. Você já sentiu dor nas costas ou no pescoço por ficar muito tempo olhando para uma tela? Isso acontece com muitas pessoas atualmente. Esse é justamente um dos objetivos das big techs ao criarem esse sistema viciante para prender a atenção dos usuários.

No caso das redes sociais, um ponto a se considerar é que nós somos o produto para as grandes empresas. Elas vendem especificamente o nosso tempo, já que, quanto mais tempo passamos no Instagram ou Facebook, por exemplo, mais nossas experiências digitais e dados são comercializados.

Quanto mais ficamos nas redes sociais, mais tempo estamos expostos a anúncios cuidadosamente selecionados pelos algoritmos, de acordo com nossos gostos pessoais. Não é à toa que é comum ouvir por aí a expressão: “Se você não está pagando pelo produto, então você é o produto.” Essa frase, embora popular, revela uma realidade preocupante.

MANIPULAÇÃO EMOCIONAL

Sofremos grande influência das empresas de software e tecnologia, que utilizam manipulação emocional por meio de propagandas e entretenimento para nos manter conectados. Esse mesmo processo pode ser observado na relação de crianças que se tornam dependentes do celular desde cedo, o que afeta diretamente a forma como lidam com ele. Muitas pessoas, especialmente das novas gerações, estão condicionadas a buscar atenção por meio de curtidas, elogios e validações nas redes sociais para se sentirem felizes e confiantes, o que pode acarretar problemas graves como ansiedade, automutilação, baixa autoestima, entre outros.

Esses jovens, muitas vezes, fazem de tudo para agradar pessoas que sequer conhecem pessoalmente e depois passam horas esperando por comentários positivos ou por um número específico de visualizações e curtidas em determinado aplicativo. Tudo isso é extremamente prejudicial para qualquer indivíduo, mas para aqueles em fase de desenvolvimento é ainda pior, pois crescem acostumados a depender da validação alheia para se sentirem bem — o que não é nada saudável, já que fora do mundo digital essa validação nem sempre virá.

Você já parou para pensar por que recebemos tantas notificações dos aplicativos instalados em nossos celulares? Elas são mais uma ferramenta de monetização das big techs. Como essas empresas lucram com nosso tempo de uso, ao sairmos desse ciclo vicioso, começamos a ser bombardeados com notificações apelativas, incentivando nosso retorno imediato. Nem sempre essas mensagens fazem sentido, pois o que importa para as empresas é manter o público constantemente engajado em seus aplicativos. Dessa forma, vemos como as notificações podem ser excessivamente apelativas ou até mesmo sem fundamento.

ATENÇÃO AO USO DESENFREADO

Escrevi este artigo com o objetivo de fazer um alerta aos jovens e mostrar as graves consequências da hiperconectividade em um tempo em que caminhamos na velocidade da luz, sem nos preocuparmos com nossa saúde mental. Nunca podemos perder o brilho da nossa natureza; somos seres da partilha do conhecimento e precisamos ter tempo para isso também.

Estamos consumindo mais informações do que conseguimos processar. Por isso, não podemos permanecer nesse estado de consumo desenfreado de conteúdos sociais. Devemos medir nossa limitação no uso de aparelhos eletrônicos e redes sociais. Campanhas de conscientização sobre esses dados se mostram alternativas possíveis para contornar esse atual problema social.

*Letícia Castro é estudante da 1ª série do Ensino Médio do Colégio Antônio Vieira. Está se preparando para atuar como delegada no comitê do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), na oitava edição (2025) da ONU Colegial, projeto de simulação de conferências das Nações Unidas. Na edição de 2024, atuou como imprensa no comitê da Câmara dos Deputados. Desde 2016, participa de todas as edições da Expociência, mostra de projetos científicos do Colégio. Em 2019, foi certificada com honra ao mérito na Olimpíada Canguru de Matemática. Por três anos consecutivos, foi semifinalista da Olimpíada Nacional de História do Brasil (ONHB).  Em 2024, foi medalhista de bronze na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA). Desde o ano passado passou a participar do Projeto de Pesquisa e Extensão, consolidando-se agora em 2025 como integrante do Núcleo Acadêmico de Incentivo ao Conhecimento (Naic) do Vieira. Neste ano, também participou do Retiro Espiritural Semana Santa Jovem (SSJ), além de atividades esportivas compondo as seleções femininas de basquete e futsal do colégio.
** Artigo publicado na edição 2025 da Revista de Incentivo ao Conhecimento (RIC), uma publicação do Naic/CAV.

Ilustrações: Rede Silvestre e Silvana Mattievitch
Foto: Nicolas Arize – Secom/CAV.

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