A história a partir de cartas dos povos indígenas é tema de roda de conversa no Ensino Médio Noturno
Evento, integrante do projeto Noites Plurais, contou com participação da professora Suzane Costa, da Ufba

Centenas de cartas escritas por indígenas que ajudam a contar a história do Brasil estão acessíveis ao público na plataforma digital desenvolvida pelo projeto “As Cartas dos Povos Indígenas ao Brasil”, coordenado pela professora Suzane Lima Costa, do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia (Ufba): cartasindigenasaobrasil.com.br Este mês, como parte do Projeto Noites Plurais, estudantes assistidos pelo projeto social de Ensino Médio Noturno do Colégio Antônio Vieira, participaram de uma roda de conversa com a Profa. Suzane, que tem pós-doutorado pela The University of Manchester, do Reino Unido (School of Arts, Languages and Cultures).
“Percebemos que são muitas as pesquisas que analisam cartas sobre os povos indígenas para uma compreensão crítica da história política e literária do Brasil, mas há uma lacuna significativa nessas pesquisas e abordagens quando o indígena se torna o remetente das cartas, quando o indígena é o autor desse tipo de texto, ou seja, quando a biografia, o testemunho ou o documento histórico foi produzido pelo próprio índio. Elaboramos o projeto As cartas dos povos indígenas ao Brasil, tanto para reverter essa lacuna, quanto para criar o primeiro acervo virtual dessas correspondências – fundamentais hoje para apresentação de uma outra versão do Brasil, narrada e criada pela autoria dos povos indígenas”, afirma Suzane Costa, em divulgação do projeto pela Ufba. Pesquisadores associados, cinco estudantes de graduação, bolsistas Pibic, e três estudantes de pós-graduação integram a equipe à frente da iniciativa.

REFLEXÃO E AÇÃO
A roda de conversa com os estudantes do EM Noturno do Vieira foi realizada no último dia 7, na Sala de Arte Sálua Chequer. A partir do tema “As Cartas dos Povos Indígenas – Quem são os indígenas que escrevem cartas?” foi possível refletir sobre as narrativas mostradas e discutir questões como as denúncias de crimes ambientais, invasões de terras indígenas e violência policial, temas recorrentes nos textos. O Brasil é o destinatário de grande parte das cartas, encaminhadas também para presidentes, governadores, juízes e outras autoridades.
Para o estudante Matheus Mesquita, o projeto da divulgação das cartas “é maravilhoso porque chama as pessoas para perto da realidade dos povos indígenas, levando-as a contribuir e participar dela à sua maneira”, ressaltando que as colaborações podem ser feitas “não só a partir de movimentos sociais grandes, mas também com uma simples movimentação na internet”. E o jovem completou: “Todas as falas da professora Suzane foram extremamente necessárias, visto que os indígenas hoje são desumanizados, o que é lamentável. Pela ideia de serem pessoas distantes, a nossa sociedade acaba apagando a existência desses povos, abrindo margem para invasões de suas terras, explorações ilegais de seus recursos naturais, danos ao patrimônio, por simplesmente criarem um conceito de pessoas sem nenhum valor, quando, na verdade, são seres humanos como nós e que, desde sempre, contribuem muito para as nossas vidas com seus costumes, que são um legado”.

NOITES PLURAIS
O estudante cumprimentou a equipe pedagógica do turno noturno pela promoção do evento. “Em primeiro lugar, eu gostaria de parabenizar a escola por propor essa roda de conversa que foi, sem dúvidas, muito importante para o enriquecimento intelectual de todos nós alunos. Acredito que saímos de lá bem melhores do que quando entramos”, concluiu.
De acordo com a coordenadora pedagógica do Ensino Médio Noturno do Vieira, professora Soraia Sousa Sousa, “o projeto Noites Plurais busca propiciar aos estudantes o desenvolvimento de saberes de diversas naturezas, tão necessários à formação de sujeitos comprometidos com a construção de uma cidadania global”. O projeto foi aberto em abril com a apresentação da peça “O Caminho dos Mascates”, exibida em telão, também na Sala de Arte Sálua Chequer – contando com a participação da produtora cultural Poliana Bicalho, mestre em Artes Cênicas.
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Fotos: Secom/CAV.Com informações da Ufba/EdgarDigital.
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