17.11.22

Projeto ‘Humanidades e Heranças Africanas’ aprofunda reflexões sobre racismo e valorização da cultura do povo preto

Temática foi tratada em diversas atividades interdisciplinares desenvolvidas por estudantes do 7º ano EF do Vieira

Projeto ‘Humanidades e Heranças Africanas’ aprofunda reflexões sobre racismo e valorização da cultura do povo preto

“Não basta não ser racista, pois, assim, contribuímos com a manutenção dessa prática, mesmo que silenciosamente. É preciso ser antirracista!”. Esta foi a grande lição deixada este ano pelas atividades interdisciplinares do projeto pedagógico desenvolvido no Colégio Antônio Vieira para estudantes pré-adolescentes do 7º ano do Ensino Fundamental. A culminância dos trabalhos, neste Mês da Consciência Negra, deu-se por meio de apresentação artística, com música, interpretação de textos sobre os conhecimentos adquiridos e uma exposição que mescla a Arte Zentangle (criação de imagens a partir de padrões repetidos) e a Arte Urbana, representada pela tela técnica do lambe-lambe (cartazes artísticos).

Os projetos pedagógicos interdisciplinares do Vieira são desenvolvidos, simultânea e integralmente, com as aprendizagens previstas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para as séries. As famílias são convidadas para um show especial que retratam os conhecimentos adquiridos na temática abordada por diversas disciplinas. No caso do projeto “Humanidades e heranças africanas”, os estudantes aprenderam mais sobre o racismo, suas causas, consequências e possíveis soluções, além de tornar mais evidente a importância do povo negro para a sociedade. 

“Reforçamos tal ideia ouvindo a voz de comunicadores negros que, mesmo diante de obstáculos e desafios, lutam para ressignificar histórias”, disseram os estudantes nas apresentações das turmas no Auditório Mabel Velloso, interpretando textos de autoria das professoras de Arte, Joseneide Miguez e Camila Govas. A parte musical foi dirigida pelos professores da disciplina, Ronaldo Oliveira e Poliana Coelho.

“As músicas escolhidas foram a forma mais bonita que encontramos para mostrar que a cultura do povo preto é parte valiosa da nossa identidade e uma grande inspiração para toda a humanidade”, completaram os alunos. Assim, eles revelaram habilidades em diversos instrumentos e no canto, interpretando canções emblemáticas, a exemplo da 14 de maio, de Lazzo Matumbi, que retrata o marco que foi a assinatura da Lei Áurea, ao mesmo tempo em que denuncia a falta de liberdade atual do povo preto. 

CELEBRANDO O CONHECIMENTO     

Conforme destaca a coordenadora pedagógica da série, professora Eliana Fonseca, “o momento da culminância do projeto representa um dia de festa, em que celebramos, junto com as famílias, a alegria de cantar e expor o aprendizado, revelando uma admiração que não pode ficar restrita, por exemplo, ao lindo trabalho dos blocos afros durante o Carnaval, mas que é possível fazer a diferença e enriquecer essa história todos os dias”. 

Durante o projeto, os estudantes trabalharam questões diversas, como o reconhecimento e respeito às religiões de matriz africana, “como forma de enriquecer o repertório, mas também para valorizar ainda mais a diversidade e contribuir com o combate à intolerância religiosa”. Outros temas abordados foram a representatividade negra no empreendedorismo e o racismo estrutural no mercado de trabalho, incluindo no esporte, já que, mesmo diante de tantas campanhas, tem sido uma realidade recorrente nos estádios, mesmo em relação a grandes atletas de performance acima da média.


Pais de Yasmin, os servidores públicos Carolina Passos e Marcelo Silva gostaram da forma como os conhecimentos foram apresentados. “Além da sensibilização para a temática em si, eles puderam trabalhar os dons artísticos de cada um, em uma apresentação muito linda realmente”, disseram. 

“Trabalhar de forma interdisciplinar os conhecimentos nessa perspectiva antirracista é, sem dúvida, uma opção muito acertada e assertiva da escola que só enriquece e aprofunda o aprendizado dos estudantes”, afirmou a psicóloga Ana Olívia Marcílio, mãe de Lucas Marcílio, que ressaltou que ficou especialmente feliz de ver que um colega dele já não trata mais o racismo como brincadeira, “mimimi” como se diz na gíria. “Ele mudou e passou a entender como é muito cruel esta questão em nossa sociedade”  

Os pais de Yasmin, Carolina Passos e Marcelo Silva, gostaram das diversas linguagens de apresentação do tema, considerado bastante assertivo pela psicóloga Ana Olívia Marcílio, mãe de Lucas.

EXPOSIÇÃO

Após as apresentações no auditório, foi a vez das famílias visitarem a mostra de arte zentagle e urbana. A proposta teve como objetivo promover um diálogo amoroso e reflexivo sobre o conceito de ancestralidade, memória, símbolos, respeito e identidade, verificando a importância das culturas africanas no sentido do cuidar para a transformação e respeito à humanidade.

O cenário, inspirado na música “E eu” do Jesus Lumma e Xuxa Levy, destaca a frase “E eu não sou ninguém sem você…”, foi um convite às reflexões sobre as relações, sobre o respeito às diferenças e importância da inclusão social. Na entrada, um manequim pintado com diversas tonalidades de pele, fez a recepção aos convidados, promovendo uma reflexão sobre a escolha do lápis “cor de pele”, em meio a diversidade de cores de pele da população. “Contribuir com o combate ao racismo é descolonizar o saber que, por tanto tempo, não esteve ao alcance de negros e negras, assim como dialogar com as africanidades que nos constituem enquanto povo, redescobrindo nossas origens e valorizando-as”, concluíram as crianças, no texto apresentado à comunidade escolar.

Vamos ver mais fotos desse momento tão enriquecedor?​

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