Ex-aluno, Armandinho é destaque de festival em Paris. Músico fala sobre carreira na revista VIEIRA+
Confira entrevista exclusiva em que artista também destaca a relação que mantém com colégio

O músico Armandinho, ex-aluno do Colégio Antônio Vieira, foi um dos destaques da edição 2025 da Lavage de la Madeleine, na França. Como parte da programação do Festival da Cultura Brasileira, realizado de 9 a 14 de setembro, a Lavage de la Madeleine é uma celebração da cultura afro-brasileira em Paris, que se inspira na Lavagem do Bonfim de Salvador e ocorre anualmente, culminando com a lavagem simbólica das escadarias da Igreja de La Madeleine. Veja agora um pouco da apresentação de Armandinho em Le Festival de la Culture Brésilienne, na França!
ENTREVISTA NA VIEIRA+
Armandinho foi também destaque este ano da Revista VIEIRA+. Em entrevista exclusiva, o músico fala um pouco de sua carreira e da sua relação com o Vieira. Confira e “chame gente” para também conferir!
Entrevista | Armandinho Macêdo
Entre acordes e notas, uma grande história
No ano em que se completam 75 anos do trio elétrico, artista destaca os momentos marcantes da carreira, o legado cultural e a importância da música nas escolas
Por Flavia Vasconcelos

O cantor, compositor e guitarrista baiano Armando Macêdo, o Armandinho, nascido em 1953, na Cidade Baixa, em Salvador, coleciona momentos memoráveis da sua carreira. Muitos deles ao lado do pai, Osmar Macêdo, um dos criadores do trio elétrico, e dos irmãos, que formaram com ele o grupo Armandinho e os Irmãos Macêdo.
Quando ainda era estudante no Colégio Antônio Vieira, em 1968, ele despontou como músico, após participar de um concurso de calouros exibido pela extinta TV Tupi. A partir daí construiu uma carreira sólida, com prêmios internacionais, como o Grammy Latino, levando a história do trio elétrico e dos carnavais para o mundo.
Na entrevista a seguir, Armandinho destaca a herança musical deixada pelo pai, os novos projetos, como era o estudante Armandinho e a importância da música para a formação de crianças e jovens. Confira!
COMO FOI SE APRESENTAR NO CARNAVAL 2025, ANO EM QUE SE COMEMORARAM OS 75 ANOS DO TRIO ELÉTRICO? O QUE TE MARCA SOBRE O COMEÇO DE TODA ESSA HISTÓRIA?
Botar o trio elétrico na rua, no Carnaval, é uma das coisas mais maravilhosas que a gente faz. Eu me lembro que a metalúrgica era no fundo e a nossa casa era na frente. Meu pai (Osmar) saia com aquele carro iluminado, que viria a ser o trio. Uma curiosidade sobre isso é que eles (Dodô e Osmar), após a criação da fubica [adaptação de um carro Ford], só usaram o nome “trio elétrico” porque era o nome do conjunto deles, com mais um músico amigo da época. Não era do nome do carro. O povo que generalizou, batizando o veículo. Naquela época, eles não tinham noção de que seria uma coisa crescente e iria tomar conta do Carnaval, como é hoje, comemorando 75 anos.
UMA HISTÓRIA DE FAMÍLIA QUE MUDOU A HISTÓRIA DO CARNAVAL, UMA DAS MAIORES MANIFESTAÇÕES DA CULTURA POPULAR BRASILEIRA…
Acho que foi por isso que meu pai criou: para seguir e divulgar. Lembro que, no início, quando eu falava que meu pai inventou o trio elétrico com o Dodô, todo mundo dava risada. Teve um no Rio de Janeiro que falou: ‘Daqui a pouco você vai dizer que seu pai inventou a baiana do acarajé!’. Então, era uma história desconhecida, até quando entra o Armandinho na história, para completar o trio, divulgar e trazer a história deles. Tudo isso hoje foi seguido por mim e pelos meus irmãos. A gente tem chamado de Armandinho e os Irmãos Macêdo. Essa história tem que ser fixada.
VOCÊ TAMBÉM TEM UMA GRANDE HISTÓRIA COMO MÚSICO. UM TALENTO RECONHECIDO PELO PÚBLICO NAS RUAS DO CARNAVAL DE SALVADOR, MAS TAMBÉM MUNDO AFORA, INCLUSIVE COM PRÊMIOS. QUAIS VOCÊ DESTACA E O QUE ESPERAR DOS NOVOS PROJETOS?

Os projetos incluem novas viagens internacionais. Para este segundo semestre, estão previstas turnês pela Europa, onde eu faço Portugal, Espanha, França e outras apresentações que estão sendo fechadas. Os meus projetos anteriores ganharam prêmios. No ano passado, o meu disco instrumental com Yamandu (Costa), o Encontro das Águas, ganhou o Prêmio da Música Popular Brasileira, de lançamento instrumental. Ganhei o prêmio como melhor instrumentalista, ainda a essa altura! Já ganhei várias vezes esse prêmio de melhor instrumentista, desde os anos 70, 80, e isso é muito gratificante. Mas, enfim, também destaco, em 2021, um disco instrumental que eu gravei com a minha banda A Cor do Som, que também ganhou o Grammy Latino. É uma história que eu venho continuando, ganhando prêmios da música e viajando muito, fazendo trabalhos, shows, carnavais. Essa tem sido a minha vida, graças a Deus.
VOCÊ ACHA QUE A MÚSICA PODE SER UM DIFERENCIAL NA FORMAÇÃO DO INDIVÍDUO?
Eu penso que a música, a arte em geral, deveria ser matéria obrigatória em todo o ensino, desde o comecinho, ainda no Jardim de Infância [Educação Infantil], como se dizia. Porque é a partir daí que aflora a criatividade da criança. É o que faz a história do ser humano no decorrer da vida. Eu acho que deveria ter aulas de música, com orientação, o histórico do que foi feito, os grandes artistas, os grandes maestros. Acho que isso deveria fazer parte de um conhecimento geral, sendo matéria também para o vestibular, estendendo-se para todo do conhecimento acadêmico. Seria importantíssimo que a música fizesse parte obrigatoriamente dos currículos escolares, assim como toda a arte em geral. Isso porque tanto a pintura, como a escultura, a dança, tudo isso faz parte, tudo isso manifesta o conhecimento, a origem de um povo, a cultura em geral.
COMO O JOVEM ESTUDANTE ARMANDINHO DESPONTOU PARA A MÚSICA?

Lembro que a terceira série ginasial [hoje a terceira série do Ensino Médio] foi um ano importantíssimo na minha vida. Estudava no Colégio Antônio Vieira e era aquele aluno pacato, mediano. Em melhorzinho em Português, História e Geografia, mas a Matemática não era o meu forte. Eu não gostava de quebrar a cabeça com os cálculos, enfim. Também não jogava bola bem, não era muito disso e nem daquilo, sabe? E ninguém me conhecia como músico. Até que o Papau [o primo Paulo Argolo Pinheiro] me leva no concurso A Grande Chance. E aí que começou a minha vida. Toda eliminatória que eu fazia da Grande Chance passava na televisão e chegava ao Vieira, e aí era aquela coisa: todos torcendo. Quando eu fui a Grande Final no Teatro Castro Alves, que fez grande sucesso, meus colegas do colégio estavam lá: o Gaúcho com faixa, Pigmeu e o Luiz Sérgio, Papau, meu primo, todo mundo segurando faixa pra mim. E aí eu virei um astro no colégio. Até os padres comentavam: ‘Nossa, você toca muito bem!’. Isso foi em 1968. No ano seguinte, repeti a dose no Rio de Janeiro, no Teatro Municipal. Quando eu voltei para Salvador, já foi para completar os meus estudos.
COMO É HOJE A SUA RELAÇÃO COM O COLÉGIO?
Sinto que continuo no Vieira, como ex-aluno e também como avô vieirense, com duas netas minhas: uma já saiu, já está na faculdade; e a outra ainda estuda no colégio. Então, ainda tenho uma relação com o Vieira, inclusive como músico. Vira e volta, eu estou no colégio fazendo evento, mandando coisas para a gincana. O Vieira, portanto, continua sendo uma referência muito forte para mim, uma referência muito bacana e muito presente.
Imagens: divulgação, Secom/CAV e instagram (@armandinhomacedo)
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