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Mestre em Gestão Educacional e doutoranda em Educação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), do Rio Grande do Sul, a professora Ana Paula Marques, diretora acadêmica do Colégio Antônio Vieira, em Salvador, é um dos destaques das mais recentes publicações do blog da Editora Palavras, especializado em temas da Educação. Ela foi entrevistada pela jornalista Maria Beatriz Melero para reportagens especiais sobre como os Temas Contemporâneos Transversais (TCTs) e a Interdisciplinaridade são trabalhados em prol da aprendizagem dos estudantes, sobretudo, no Ensino Médio. Confira abaixo a íntegra da entrevista concedida ao veículo e os links para as publicações.

Editora Palavras – Qual é a importância de se trabalhar com os TCTs nas unidades escolares e, em especial, no Ensino Médio?

Profa. Ana Paula Marques- O desenvolvimento dos Temas Contemporâneos Transversais (TCTs) permite que o estudante, para além dos programas curriculares fixos, possa aprofundar questões contemporâneas importantes e necessárias para a sua atuação como cidadão, numa perspectiva integral e integradora da vida. Temas, como cidadania, multiculturalismo, meio ambiente, saúde, tecnologia, ciência, contribuem para a formação integral dos estudantes, tornando possíveis a inter e a transdisciplinaridade, assim como o desenvolvendo competências para além das acadêmicas. Os TCTs contribuem para a contextualização das disciplinas, mobilizando o interesse e desejo do estudante no processo da aprendizagem e, consequentemente, na sua constituição cidadã. Esses temas ajudam o professor a superar a lógica da fragmentação dos saberes e promover aulas mais inter e transdisciplinares, promovendo diálogos, links e conexões interessantes e significativos entre as áreas do conhecimento. Isso dá sentido ao conteúdo! Além disso, através dos TCTs, os estudantes têm a oportunidade de vivenciar os conhecimentos, utilizando-os de forma contextualizada, abarcando todas as dimensões da sua aprendizagem.

Pensando no Novo Ensino Médio, como os TCTs podem ser abordados pelos professores em sala, principalmente com a interdisciplinaridade, itinerários formativos etc?

Primeiramente, os TCTs precisam estar conectados com o repertório existencial e sociocultural dos estudantes e devem ser mobilizados pelos professores a partir de seus próprios conteúdos, de forma que haja diálogo constante entre os aspectos conceituais das disciplinas e as práticas e experiências dos estudantes, de acordo com o tema abordado. O professor pode tanto partir de conteúdo planejado, buscando mapear quais os TCTs que podem ser transversalizados, quanto pode partir de um planejamento por eixos temáticos, sistematizando conteúdos específicos que tenham alguma conexão. Como também estamos no processo de constituição de um Novo Ensino Médio que, além da formação geral básica, deve oferecer caminhos formativos distintos aos estudantes, os chamados itinerários acadêmicos, os TCTs são potenciais para se pensar na oferta dessas disciplinas eletivas. Os itinerários por área de conhecimentos (Linguagens, Matemática, Ciências Humanas, Ciências da Natureza e Profissionalizante) já são, em si, abordagens interdisciplinares, e os TCTs serão fundamentais na abordagem inter e transdisciplinar.  

Um dos principais pontos do Novo Ensino Médio é trabalhar com a interdisciplinaridade, a integração entre as áreas do conhecimento e suas competências. Por que isso é importante para a formação do estudante na Educação Básica e, principalmente, no Ensino Médio?

Na nossa vida cotidiana, nas relações pessoais e sociais, no mercado de trabalho, os conhecimentos e saberes que são mobilizados diante das situações e problemas vivenciados não vêm fragmentados. Eles surgem em sua complexidade e exigem a mobilização de diversas, múltiplas competências. E assim deve ser a vivência dos jovens na construção de suas aprendizagens escolares. Isso não significa abrir mão das especificidades de cada área do conhecimento, mas trata de desenvolver no cotidiano escolar do aluno a conexão entre os saberes, aproximando-se do que acontece no nosso dia a dia. Por isso, os TCTs podem ajudar bastante nesse processo de aprender de forma complexa, dialogada e interdisciplinar, contextualizando os conhecimentos escolares por meio de temáticas tão contemporâneas e recorrentes no tempo presente: questões do meio ambiente, de cidadania, de saúde, tecnologia, economia, multiculturalismo são riquíssimas no processo de contextualização e vivências das aprendizagens.

Quais são os principais desafios para os professores ao tentarem trazer a interdisciplinaridade para sala de aula? O planejamento fora de sala, seja em reuniões, conversas entre colegas, professores e gestores é importante? Por quê? 

 O principal desafio do professor é desnaturalizar a sua própria lógica cartesiana, de fragmentação dos saberes, já que todos nós fomos formados nessa perspectiva e reproduzimos, até inconscientemente, esse modelo mental. Além de formações sistemáticas, fazendo o professor vivenciar na sua própria aprendizagem uma abordagem complexa e transdisciplinar dos conhecimentos, o planejamento das atividades pedagógicas precisa ser sistemática e colaborativamente com todos os professores, reconhecendo o que é específico e particular em cada área do conhecimento e o que precisa ser reconectado com as demais, dando a visão do todo, da rede cotidiana dos saberes e fazeres de uma escola. Vale lembrar que essa concepção está para além de teorias, abordagens e planejamentos, o professor precisar conceber e lidar com os fenômenos educacionais de forma complexa, extrapolando os limites cartesianos de sua área e praticando, em seu dia a dia, a transversalização dos conhecimentos.  

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CONFIRA AGORA AS REPORTAGENS DA EDITORA PALAVRAS:

• TEMAS CONTEMPORÂNEOS TRANSVERSAIS: O QUE SÃO E COMO APLICAR EM SALA DE AULA?

• INTERDISCIPLINARIDADE: POR QUE O PLANEJAMENTO É FUNDAMENTAL