26.08.21

Aulão no Vieira tem livro de Lázaro Ramos como pano de fundo para tratar pluralidade cultural, racial, étnica e social

Atividade interdisciplinar "Na minha, na sua... Na nossa pele" mobilizou alunos e toda a equipe pedagógica do 9º ano do Ensino Fundamental​

Aulão no Vieira tem livro de Lázaro Ramos como pano de fundo para tratar pluralidade cultural, racial, étnica e social

Diretor, cineasta, dublador, apresentador, o já consagrado ator baiano Lázaro Ramos também é considerado um grande escritor. Com seis obras publicadas, a maior parte para o público infantil, o autor Lázaro também passou a ser referência na literatura indicada para os jovens em formação, a partir da obra “Na Minha Pele”. No livro, publicado em 2017, o escritor revela-se “movido pelo desejo de viver num mundo em que a pluralidade cultural, racial, étnica e social seja vista como um valor positivo, e não uma ameaça”, como ressalta a sinopse da obra em que o escritor divide com o leitor suas reflexões sobre temas como ações afirmativas, família, empoderamento, afetividade e discriminação.

No Colégio Antônio Vieira, o livro, “que propõe uma mudança de conduta e nos convoca a ser mais vigilantes e atentos ao outro”, já fazia parte da série de obras estudadas pelos jovens nas disciplinas sobre Literatura. Este ano, entretanto, passou também a ser pano de fundo para um aulão interdisciplinar,  batizado de “Na minha, na sua… Na nossa pele” envolvendo, em um mesmo momento de aula, todos os alunos do 9º ano do Ensino Fundamental (EF), assim como toda a equipe pedagógica da série, “permitindo que os professores pudessem discutir, à luz das suas respectivas disciplinas, o livro adotado, como também os limites que circundam a temática racismo”, conta a professora de Língua Portuguesa, Soraia Sousa Sousa. “É preciso, de fato, traçar novas cartografias que nos possibilitem navegar rumo a um novo mundo onde a pluralidade cultural, racial, étnica e social não seja apenas uma miragem”.


NORTEADOS PELOS DIREITOS HUMANOS

“Eu não tenho palavras para descrever a emoção e o orgulho que senti pelo trabalho que toda a  equipe do 9º ano EF realizou naquela linda manhã, principalmente pela repercussão que essa iniciativa causou em nossos estudantes”, revela a professora Soraia. “E foi assim, capitaneados pela a narrativa de Lázaro Ramos, que os alunos do 9º ano, melhor direi, nossos intrépidos argonautas, foram desbravando os oceanos, norteados pelos direitos humanos”, completa, agradecendo a parceria dos colegas de outras disciplinas, bem como da coordenadora pedagógica, professora Vânia Virgens, e da orientadora educacional da série, Jerusa Carvalho.

A professora de História Gigi Albuquerque também gostou muito dos resultados alcançados a partir da proposta do “aulão” especial: “Foi um momento de extrema riqueza acadêmica. Ao transversalizar a temática do livro ‘Na Minha Pele’ por todas as áreas do conhecimento, a experiência contribuiu para a formação integral dos nossos estudantes e também para seu ingresso no Novo Ensino Médio, que busca a mobilização de competências e habilidades das diferentes áreas do conhecimento em um mesmo itinerário”. De acordo com a professora Gigi, a experiência favoreceu aos estudantes uma sólida base para a participação no debate público, “de forma consciente e qualificada, respeitando diferentes posições, com vistas a possibilitar escolhas alinhadas ao exercício da cidadania ativa e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade”.

A coordenadora pedagógica do 9º ano EF, professora Vânia Virgens (ao centro), com equipe de professores e a orientadora educacional, Jerusa Carvalho (à esquerda)

FORMAÇÃO INTEGRAL E PANDEMIA


“O aulão interdisciplinar ‘Na minha, na sua… Na nossa pele’ é uma metodologia fecunda para a promoção da Educação em Direitos Humanos na escola, à medida em que difunde competências, princípios e atitudes que integram os vários campos do conhecimento e que exigem uma leitura crítica e plural da realidade, em prol de novas bases epistemológicas que elucidam o valor da experiência, da diversidade, da justiça e da cidadania”, frisa a coordenadora pedagógica Vânia Virgens. Por acompanhar, mais individualmente, a aprendizagem dos estudantes, a psicopedagoga e orientadora educacional Jerusa Carvalho ainda destaca o engajamento dos alunos diante da proposta pedagógica. 

“A participação foi muito boa e a interação foi feita, na maioria, pelo chat, em que eles comentavam, concordavam discordavam entre si e até se emocionavam nas suas colocações mais variadas, revelando um nível de maturidade e de repertório surpreendentes”, conta a orientadora educacional. Ela assinala que, mesmo em meio aos desafios dos tempos de pandemia, o Vieira tem obtido avanços significativos na busca de estratégias motivadoras para discussão e reflexão dos estudantes. “Essa oportunidade do aulão foi muito interessante, pois dentro de uma carga horária de aula, os alunos demonstraram motivação, integração e conhecimento até o final, com as famílias também validando o momento, inclusive com alguns pais acompanhando a transmissão e promovendo, posteriormente, interações com os filhos sobre as questões apresentadas de forma interdisciplinar”, conta.

Alunos Vicente e Ana Júlia destacam, além da reflexão sobre preconceito, a ampliação dos conhecimentos em diversas áreas 


ESTUDANTES NO “SENTIR/PENSAR”

Ao se colocar no lugar do outro e refletir sobre suas vivências, o estudante do 9º ano EF no Vieira vai imprimindo os princípios humanistas à excelência cognitiva, dentro do conceito de “sentir/pensar” que norteia as ações pedagógicas da série. Uma aprendizagem que eles traduzem muito bem quanto se referem ao aulão: “Foi uma experiência muito positiva que só teve a acrescentar aos nossos conhecimentos, com a atuação conjunta dos professores que, de forma clara, nos ajudaram bastante em um momento muito interativo”, diz o aluno Vicente Nabuco, já contando com novos momentos do tipo.

Já a aluna Ana Júlia Wanderley destacou uma frase do físico Albert Einstein (“É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito”) para enfatizar o quanto as discussões e reflexões sobre o tema se fazem tão essenciais no mundo contemporâneo. “Com esta frase, Einstein desvelou os obstáculos que envolvem às diversas formas de preconceito, dentre eles o racismo. No aulão, todos os professores nos ensinaram, à luz dos direitos humanos, sobre o racismo e seus malefícios à dignidade humana. Tivemos a oportunidade de ver a unidade das matérias em suas diferentes formas de ensino e de promover uma reflexão sobre o tema, que é tão importante”.


LÁZARO E AS VOZES DO VIEIRA

Para finalizar, nada melhor do que uma frase do nosso autor baiano Lázaro Ramos, destacada pela professora de Língua Portuguesa Soraia Sousa Sousa, animada pelo senso de transformação social revelado pelos estudantes vieirenses: “Tudo é simbólico. O símbolo fica no coração e transforma uma pessoa … Resistir é preciso, assim como reexistir. Novas formas, caminhos, caras e vozes”. E completa a professora: “Que nossos alunos sejam as novas vozes que nos conduzirão a territórios sociais mais justos e humanos, em que as diferenças sejam um símbolo de união e não fronteiras que nos distanciam”.

Antes da pandemia, Lázaro Ramos já interagiu, pessoalmente, com os alunos do Vieira em evento sobre o livro “Na Minha Pele”. Veja o vídeo!

Fotos: Secom Vieira

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